Nicolina Vaz de Assis Pinto do Couto, uma das primeiras escultoras brasileiras, nasceu na cidade de Campinas – São Paulo em 18 de dezembro de 1874. Tinha o talento para a escultura expressando-se com vivacidade em figuras femininas.
Aos 16 anos casou-se com o médico Benigno de Assis e após a morte dele arcou com o sustento de seus filhos.Começou então a dedicar-se com afinco a escultura, fazendo estatuas e bustos tendo o mármore e o bronze como matéria prima. Parte dessas esculturas eram de caráter póstumo por encomenda de familiares.
Em 1887 ganhou do Governo do Estado de São Paulo uma bolsa para estudar e aperfeiçoar-se na Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro, hoje Museu Nacional de Belas Artes. Lá conheceu o escultor Rodolfo Bernardelli e seu irmão Henrique Bernardelli que foi seu professor.
Entre os anos de 1889 e 1935 suas obras foram expostas continuamente na “Exposição Geral de Belas Artes” onde recebeu duas menções honrosas em 1901 e 1902. A primeira premiação ela não foi receber por timidez, recebeu também uma medalha de prata em 1907 e uma de ouro em 1908.
Em 1903 o então Governador de São Paulo, Bernardino de Campos concedeu a escultora uma bolsa de estudos, desta vez para a França – Paris, quando esbarrou com o preconceito: naquela época, as bolsas de estudo eram privilégio dos homens. Considerando-se a relevância do fato, o assunto foi discutido no Congresso Nacional cujo resultado foi favorável a escultora.
Residiu então em Paris, durante os anos de 1904 a 1907, aperfeiçoando suas técnicas com os grandes mestres da arte contemporânea daquela época como: Jean Alexandre Joseph Falguiere. Ali exibiu seus trabalhos na exposição anual no Salão de Paris e conheceu o segundo marido, o também escultor Rodolfo Pinto do Couto.
Casou-se em segundas núpcias em Paris quebrando regras arcaicas de que viúva não poderia casar-se novamente. Assim não pode modificar seu nome e acrescentou os novos sobrenomes. Retorna a pátria brasileira com grande prestigio.Em 1929 em conjunto com o seu marido, inauguraram uma exposição no Esplanada Hotel na cidade de São Paulo com cerca de quinhentas peças escultóricas em diversos tamanhos com grande repercussão.
Entre suas obras destacam-se oito bustos de Presidentes da Republica brasileira além de celebres brasileiros como Barão do Rio Branco, Nilo Peçanha, Deodoro da Fonseca e o milionário Rockefeller, esta considerada uma obra prima, ficando exposta durante três anos na Universidade de São Paulo.
As preciosidades da escultora contribuíram sobremaneira para o embelezamento de parque e jardins no Rio de Janeiro com as obras que podemos apreciar como a Serpente e o busto de Glaziou na Quinta da Boa Vista e a Fonte de Tritão no recém reinaugurado Passeio Publico da Cinelândia, porém esbarramos com a impunidade: a escultura do Tritão foi roubada em 1993 e em 2004 foi feita uma réplica. No Museu Nacional de Belas Artes podemos apreciar dois de seus bronzes: Tia Bastiana e Meditação. No Cemitério São João Batista temos o tumulo de José Grey.
Na cidade de São Paulo encontramos a Fonte Monumental localizada na Praça Julio Mesquita – Centro, esculpida em mármore de carrara e, no Cemitério da Consolação encontramos o majestoso mausoléu do ultimo Governador da Província de São Paulo o Sr Couto de Magalhães – esta é a primeira manifestação do “art-noveau” na capital paulista representado por uma mulher envolto por um fino tecido ostentando em sua destra uma bandeira.
Em 20 de julho de 1941 a arte brasileira passa a conviver com um vazio. Nicolina faleceu levando consigo seu talento memorável. Com inteligência, Nicolina nos proporcionou experiências estéticas, emocionais e intelectuais. Sua obra tem extensão para o eterno a ser preservado.
Conheça algumas outras de suas principais obras:
“A sua maneira delicada de esculpir, em que há certa feminilidade e, por isso, elegância e rapidez, fez-se recomendável no busto de Gravina, na Meditação e Oração, três gestos que participaram da sua alma de artista para a sua intensidade expressivista”
Gonzaga Duque – 1929
“A arte da escultora Nicolina Pinto do Couto caracteriza-se pelo dom suave de plasmar a graça e a candura das crianças”
Saul de Navarro – Revista da Semana